Então você acorda e toma uma decisão. Depois sai para trabalhar e decide algo mais. Vai almoçar e resolve decidir um pouco mais. De noite passa no supermercado, procura aqui-ali e mais uma decisão. Volta para casa e novamente aí vem ela. Antes de dormir, provavelmente a decisão para o dia seguinte.
Fim de semana, feriado, dia, noite, mais dias, horas, minutos, a todo o tempo - pensou, decidiu, está feito. E as decisões vão afetando o nosso cotidiano, como companheira inseparável, indelével, infalível...
Aquela decisão tomada algumas décadas atrás e agora você está onde está. Uma decisão cumprida há alguns anos passados e você percorre os caminhos do agora. Tanta decisão apresentada ontem e hoje você adaptando-se aos rumos atuais.
Seja qual for a decisão, os reflexos lhe acompanharão. Independente da importância de tal decisão, você carregará seus efeitos adiante. Invariavelmente, somos o resultado da soma das decisões multiplicada pela divisão das bifurcações encontradas, subtraindo as renúncias praticadas.
Assim mesmo! Tão profuso quanto imponderável, pois não há como e porquê viver sem elas, sem tê-las conosco. Andamos com as decisões em nossos bolsos.
Não se pode viver sem o alimento nem sem a decisão do que alimentar-se.
Não se pode andar sem direção nem sem a decisão de onde ir.
Não se pode alcançar um objetivo sem dar o primeiro passo nem sem a decisão de querê-lo.
Um instante apenas sem uma decisão e o vazio toma conta de nossas mentes. Mas até mesmo uma vazia é capaz de decidir. Optar pela falta de ação ou querer ficar na inércia mental é sobrepujar o intervalo da falta de decisões.
A total falta de decisão pode significar um estado de invalidez, incapacidade, perda de sanidade, alienação. Fator crítico à existência do ser. Já a indecisão, voluntária ou não, configura-se praticamente um delito circunstancial, quase uma violação do livre arbítrio. A vitória dos indecisos é o ocaso no céu cinzento, que embora haja um sol, não há frestas onde os raios de luz possam passar.
Há que se decidir, ainda que se plante ventos e venha colher tempestades.
Há que se decidir, preferindo ter o sol brilhando na consciência a ter nuvens de tormenta cobrindo-a.
Há que se decidir, alcançando os ombros dos que conseguem, ao invés de tocar os calcanhares dos que desistem.
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