Em vias de chorar
Não as segure
Há que deixá-las cair
Sem conter o pranto
Em vez de secá-las
Talvez lhe cure
Queira deixá-las fluir
Caso tiveres só
Em teu canto.
Ainda que,
só não esteja
Faça deixar
Que encontrem
Um ombro amigo
Enxugando-as,
Em ligeiro abrigo.
Provocadas por dor
Tristeza, luto, angústia
Entre soluços, atritos
Caindo espremidas
Ainda que venham
Entre cortes ou gritos
Rasos pingos salgados
De amargadas feridas.
Quem não as derrama
Está sob pressão
Envenena-se do teor
Quem as demonstra
Sobra em alegria
Envereda-se em fervor.
Por elas, olhos úmidos
Ou inundados, os dois
Fechados, tristonhos
Vulneráveis, refeitos
Frios, consternados
Hão de tornar-se, pois
Transbordos de rios
Em desejos e sonhos.
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